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12 de ago. de 2015

Are you there?

Quantas realidades paralelas existem entre o que se fez da sua vida e da minha?
Quantos pensamentos soltos ainda correm até aqui pra me buscar, pra saber se eu continuo a mesma, pra tentar entender onde ainda cabe um pedacinho de você em mim.

Eu sei, eu sei. Você também vive tentando se convencer de que já passou da hora de me deixar pra lá. Lá atrás, lá no passado, lá longe; mais longe do que estamos, do que somos, do que queremos.
Até quando a gente vai viver assim, entorpecidos pela rotina e a amarga espera pelo destino, eu não sei. Tem dias que chega a ser angustiante saber que o tempo passa e eu continuo ali contigo do mesmo jeito que tu também estás aqui, escondido entre tantas outras coisas que se empilham na minha casa, no meu corpo, na minha vida.  Às vezes eu queria que você fosse embora.

Queria poder olhar pra frente sem esperar te encontrar na próxima esquina da vida. Tem tanta gente pra conhecer, vida pra viver, amor pra amar. E gente continua aqui, presos a nós mesmos.

Por este tempo todo, eu sempre me bastei em ser a tua lembrança mais bonita, como tu mesmo gostas de me dizer.
Mas por um segundo, um segundo apenas, eu queria nem conseguir me lembrar de você.
É tão pesado caminhar com tantas lembranças de nós dois.

12 de abr. de 2012

mantra do dia

É preciso que eu agradeça ao destino por não ter me dado tudo o que eu quis, 
e ao tempo por ter me mostrado que foi melhor assim.

9 de abr. de 2012

avesso.

Me assusta o que sobra quando o amor se vai.

21 de fev. de 2012

reflexão.

De repente você se olha no espelho e percebe que esteve ali o tempo todo, escondido atrás das projeções utópicas que fez para si mesmo. 
Percebe que nunca esteve perdido, só esteve longe da própria realidade, querendo o que não poderia alcançar.


A expectativa infundada vira cinzas e, como fênix, você passa a ver - e viver - outra vez. 

16 de jan. de 2012

Conto pra boi dormir.

uma garrafa de vinho branco e um milhão de pensamentos escorrendo pelos dedos. 

CONTO PRA BOI DORMIR.


Ela já enchia a segunda taça de vinho branco quando a centelha daquele pensamento cruel a empurrou contra a parede, cercando-a de dúvidas que ela sabia, já tinham resposta. Havia um tempo que ela se ocupava de solidão e faz de conta, fugindo destas verdades inconvenientes e - sim - até um tanto clichês.
Sentia-se bem assim, sozinha. Tão prático, seguro, indolor. Havia feito um pacto consigo mesma: aceitaria uma rotina morna pela paz de nunca mais sofrer por amor. Sem historinhas sonhadas antes de dormir ou frios na barriga, mas a certeza absoluta de que nada a tiraria de seu equilíbrio usual. Convivia bem com o social, sem sentir falta de dividir o travesseiro, apertar-se embaixo da coberta, sorrir antes mesmo de dar bom dia.
Até que alguém segurou a sua mão daquele jeito que, no fundo, a gente sabe que faz um segundo inteiro valer a pena. Daquele jeito que responde a todas as perguntas, que revela todos os segredos, que desfaz todas as amarras. E então ela soube.
Ela tinha colocado o amor de lado.
Mas queria um amor DO lado.



inspiração hoje, ontem e sempre:

21 de out. de 2011

Dúvidas demais pra escolher um título.

Só perguntem o que vou fazer da minha vida se já souberem o que vão fazer das suas.

O mundo gira tão depressa que me deixou tonta. 
Todas as certezas que viviam aqui dentro sumiram num piscar de olhos e já não sei quem é a mulher na minha carteira de identidade. Todos parecem saber, menos eu.
Assino papéis, atendo telefones, confirmo presenças. Respondo por um nome escolhido por meus pais e que o tempo me ensinou ser eu. Quem é esse eu que eu vejo no espelho? 
Não conheço, não reconheço.
O que quer, o que sonha, onde deseja estar? 
Que evaporem os condicionamentos, os imperativos, as expectativas a meu respeito. Tem uma voz que grita dentro de mim e o barulho do mundo não me deixa ouvir quem sou.
Quantos medos, pecados e frustrações eu escondo da minha consciência tentando ser o que me ensinaram ser. Uma pessoa boa, correta, bonita, centrada.
Quantas vontades camufladas, sonhos acorrentados, desejos reprimidos. 
Não sou mais que um animal domesticado.
Minha selvageria pulsa dentro de meu sangue me incitando a correr, caçar, reproduzir. Estou presa a mim mesma; à tudo o que fui condicionada a crer, sentir e amar. Quero sair.
E agora, cadê o mundo pra ME responder: pra onde vou? 

1 de set. de 2011

POST IT.



Prefiro o arrependimento mais dramático
 e a tristeza mais profunda 
à angústia corrosiva dessa dúvida.


Escrevo isto para que, no futuro, 
eu possa me lembrar que eu sou 
a única responsável pela escolha que eu fizer.

15 de ago. de 2011

QUEBRA DE CONTRATO

Como dói retribuir em dor o que se ganha em amor.


Não, você não errou. Não há nada mais que você deveria ter feito, ou falado ou calado. Não tem a ver com aquela discussão e nem com ninguém mais além de nós dois. 
Eu só...não sinto as coisas como antes.
Por favor, pare de dizer que eu não gosto de você, assim você me machuca. Eu gosto de você, só não o suficiente para sermos "nós". 
Me perdoe por isso, eu não escolhi assim.
Eu não te enganei, eu não menti, eu não sou uma pessoa má. Eu só não quero te iludir prometendo sentimentos que eu não posso te dar. E bem feito para mim, que sempre achei que o mais difícil era ser deixado, hoje percebo que dolorido mesmo é deixar.
Se não consigo te dar meu amor, te entrego a liberdade para que busques quem dê.



Diagnóstico.

...
- Você ainda o ama?
- Sinceramente? Sim.
- Por que? O que você ama nele que não encontra em mais ninguém?
- O quanto eu era feliz, a maneira como eu me sentia...
- Perguntei o que você ama Nele.
- Então, já respondi. O quanto eu era feliz, como eu me sentia...
- Você não está respondendo o porque o ama. 
- Ah, não sei, não sei porque eu o amo. 
- Não sabe responder porque, na verdade, não o ama. Você só não se ama o suficiente para descobrir isso. 
...


19 de jul. de 2011

INVENTÁRIO

Meus atos podem mudar o mundo de alguém. E o meu, principalmente. 


INVENTÁRIO

Antes que eu me despeça deste mundo, preciso dizer que a graça da vida está mesmo em compartilhar. 
Os anos me trouxeram algumas conclusões a respeito de nossa existência como homens, mas a maior delas é de que não somos nada sozinhos. Gostoso mesmo é dividir. 
Nenhum bombom é tão doce se não for partilhado com aquela pessoa especial. 
Nenhum segredo é tão segredo se não for contado para alguém.
Nenhuma história é inesquecível se você não tem com quem lembrá-la por anos e anos e anos.
Dividir soma. Essa é a matemática da vida. 
Um pouco de mim mais um pouco de você pra fazer um muito de nós. 
Isto nos torna eternos, e esta é a verdade mais divina.
Divida-se.
Você só é imortal se viver na memória de alguém

30 de jun. de 2011

CARTA CONSCIÊNCIA

Esta é uma carta de ódio. Ódio ao tempo que não passa, aos planos que definham e ao meu maldito super-ego que está a cuspir a frustração na minha cara. 

CARTA-CONSCIÊNCIA

Eu acordei me odiando. Não há maquiagem nem roupa que me esconda de mim. 
Posso levantar a cabeça, abrir um sorriso e me convencer de que o problema está sempre com os outros. Posso também, inclusive, encontrar mais de mil motivos para justificar cada um dos meus atos. Mas não. 
Nem sempre o caminho mais fácil é o trajeto mais certo.
A hora é agora, doa a quem doer. Diga-se, dói pra mim também.
É preciso vencer esse medo e me encarar no espelho. É preciso sentir-se assim, fraco, covarde, pequeno. Errado e errante. Há muito o que aprender.

A verdade é que eu preferiria morrer a suportar minha consciência. 
É, mais difícil que perdoar, é perdoar-se. 
Hoje, só por hoje, vou deixar a auto-piedade para lá. Vou me odiar, até o limite.
Amanhã eu recomeço, diferente.
Cair é mesmo o melhor pretexto pra levantar.

20 de jun. de 2011

ROTEIRO FALIDO

Inspirado no término de namoro de um casal de amigos - que até eu julgava ser pra sempre. 


No amor, a história é sempre a mesma. Só mudam os atores. 
Quando vejo casais que juravam amor eterno abandonarem o "pra sempre", quando vejo que as lágrimas correm iguais por rostos diferentes, quando percebo que o amor sempre traz sua cota de dor - aqui, sentada da minha confortável poltrona dos não amantes - eu me convenço: 
Se apaixonar é um péssimo negócio.


http://www.youtube.com/watch?v=4L9-AvjsB6g 

14 de jun. de 2011

EU, ENIGMA.


EU, ENIGMA

Não me pergunte quem sou. É complexo demais. Pergunte-me como estou. Eu sempre mudo. 


Sou um ser assim, inquieto, meu coração nunca se satisfaz.  Dia quer tudo, dia quer nada.
Tenho a alma livre como o vento e a ânsia de nunca me saciar.A sina de sentir o vazio se não me preencher de extremos. A vida toda dada aos excessos, às paixões avassaladoras, aos sentimentos exagerados, aos dilemas mais profundos, ao barulho. 

Tão sem meios termos, eu. E como o limite do limite é o avesso, há dias que me abraço ao silêncio. Um descaso que se debruça sobre tudo o que me conecta com o lado de fora e me mantém apenas presa a mim mesma. Tranquilidade mascarada de inércia. Ou vice-versa, ainda não sei. Tudo passa em câmera lenta: as lembranças, as pessoas e as minhas opiniões - sempre tão formadas acerca de tudo - começam a me questionar. E eu me calo. 
Como um vulcão que decora o cume da montanha, por fora sou neve eterna. Por dentro, emoções borbulham verdades inconvenientes que querem encontrar minha boca, ávidas para sair. E então? Devastação. 

Quem beija uma face é a mesma que esbofeteia a outra. 
Para mim, é difícil viver - e conviver - com duas mulheres dentro de mim. 
Pra você, é fácil. Só depende de qual face você decide ofertar.


17 de mai. de 2011

CONSELHO

Das coisas que não se compreende, é preciso aprender a ler os sinais.
 Aprenda a ler os sinais. Não com os olhos, com o coração. 
Só ele sabe a linguagem do universo.

4 de mai. de 2011

PASSA OU TRAPAÇA


Para todas as pessoas superficiais. Para todas as pessoas falsas. Para todas as pessoas covardes. Para todas as pessoas manipuladoras. E para todas as pessoas que querem levar vantagem em tudo, especialmente a vendedora que tentou me empurrar aquele jeans que ficou horrível. 

PASSA OU TRAPAÇA

Fodam-se os jogos. Agora sou eu quem dá as cartas.
Estou farta de blefes, mentiras convincentes e disputas de razão.
Cansei de perder. Perder meu tempo e pior, o interesse. É, eu perdi a vontade de apostar em gente coringa. Gente que quer sair sempre ganhando - mas não arrisca nada. Quero virar a mesa pra essa vida de sorte ou revés. Passo a vez. Comigo o superficial não tem nenhuma chance. 
De agora em diante, esta é a minha regra. E se você não gostou,
A-Z-A-R.

22 de mar. de 2011

CARTA PRO MEU FUTURO AMOR



Olá. Eu sei que a gente ainda não se conhece, ou até já se conhece mas ainda não estamos apaixonados.
 Não sei o seu nome, não temos uma música pra chamar de nossa e seu aniversário, para mim, ainda é um dia como todos os outros. O que vai nos aproximar ainda é mistério pra mim. Mas mesmo assim, por ser a tua futura namorada, eu tenho o direito de escrever esta carta.

Eu preciso te contar como as coisas estão indo por aqui, meu amor. Te contar que, enquanto você não vem, estou preenchendo os meus dias com tanto de mim. E provando um pouco do mundo, já tem muitas coisas que eu quero te mostrar! Lugares, segredos, receitas. Planos, viagens, sabores. Acertos e erros, verdades.

Enquanto você não vem, eu passei limites, perdi a hora, troquei de gostos. Conheci e me conheci. E mesmo tendo tanto de mim ainda para descobrir, não vejo a hora de você chegar. Mas até lá, quantas tristezas superarei sem o teu abraço e quantas conquistas brindarei sem o teu sorriso?
Você nem existe na minha vida e já me faz falta.

Eu sei que, em algum lugar, você também espera por mim. 
Mas por hora, fique bem, meu bem. E não demora muito, não.
A gente tem muito pra descobrir.
A gente tem muito pra ser feliz.

"Quantas coisas eu ainda vou provar
e quantas vezes para a porta eu vou olhar?
Quantos carros nesta rua vão passar
Enquanto ela não chegar?
Quantos dias eu ainda vou esperar?"
(Enquanto ela não chegar - Barão Vermelho)




A GabiAlvarenga também escreveu pro futuro namorado dela. 
Olha o que ela tem a dizer: http://avencasdesavessas.blogspot.com/2011/03/carta-para-o-futuro-amor.html

11 de mar. de 2011

SONETO DA LIBERDADE



Eu lambi minhas feridas e zelei por toda a noite. Agora que o sol chegou, me deixe sair.
Eu sou livre e é hora de correr pro mar.
Um soneto, para brindar o amadurecimento. 


SONETO DA LIBERDADE

Já não há nem um não nesta história
um porque ou um certo e errado.
Me despeço do limbo ou da glória
pra fazer o que for de pecado.

Ser avesso ao avesso do mundo
E viver tudo em intensidade.
Quero azar, quero troco, o profundo,
poder ir contra toda a verdade.

E que morram os ditos e os fatos
se de mim faz-se a insanidade
o que é certo ou errado? um boato

Eu me entrego a essas disparidades
do agora ou depois, do contido
A deixar-me morrer de vontades.

26 de jan. de 2011

E se?

O "E se" me mata em cada uma de suas hipóteses.

9 de jan. de 2011

60 DIAS SEM ELE

Por todos estes dias, eu me calei. É preciso que eu me cale para que o silêncio emudeça o passado.  Para cada frase que escrevi, apaguei um verso e assim também consegui apagá-lo de mim. 60 dias, para sempre sem ele. A série acabou, a tristeza acabou, meu sentimento por ele acabou. Mas a minha capacidade de me aventurar no amor acaba de começar.


Eu quero matar ele. Matar sem deixar vestígios e esconder as lembranças onde eu nunca mais possa encontrar. Matá-lo dentro de mim para que eu possa viver. Por mim e para mim.
Já velei tanto por nossa história que é chegada a hora de enterrar as dúvidas, as angústias,as mágoas e as tristezas. É preciso que eu me despeça de cada boa recordação para que elas possa enfeitar o túmulo de mais um amor que não deu certo. Eu vou matá-lo antes que adoeça a alegria de me doar, antes que meu coração se feche e o medo me enterre. Eu vou matá-lo antes que morra a minha coragem.
Eu vou matá-lo para que eu possa viver.
Para que eu possa viver um novo amor.

17 de dez. de 2010

60 DIAS SEM ELE - DIA 37

"Você só domina o passado quando consegue rever sem querer reviver."

Algo dentro de mim me avisou que não era para mexer no que estava quieto. Quis brincar de atirar pedrinhas no rio, mas águas paradas são mesmo profundas. Julguei ter encaixotado a paixão, empilhado as lembranças, organizado a casa, e tão segura de mim convidei o passado para um chá. "Veja, está tudo de volta no seu lugar".  Mas foi só tomar o primeiro gole que todo o meu mundo ficou agridoce. Misturado à alegria de receber resposta às minhas palavras, veio a ansiedade e as mesmas perguntas de sempre. E então eu, que já não reconhecia a saudade, tive que sentar-me com ela na praça e conversar sobre tudo o que vivemos juntos. Demorou um pôr do sol inteiro para que ela fosse embora, feliz por compreender que a vida é um livro de muitos capítulos e que muitas emoções estavam na próxima página.

Você só domina o passado quando consegue rever sem querer reviver.


Para curtir: Nine Inch Nails - Only

"I just couldn't leave it alone, picking at that scab
Was a doorway trying to seal itself shut
But I climbed through
Now I am somehwere I am not supposed to be
and I can see things I knew I really Shouldn't see
And now I know why things aren't as pretty on the inside.
I just made you up to hurt myself . And it worked.

13 de dez. de 2010

60 DIAS SEM ELE - DIA 34

"É só desamor quando o amor se vai."

Incomoda-me a máscara blasé de todo fim. Esse quê de fingir que não nos importamos mais ou que tampouca diferença faz  a rotina de quem partiu. Custa-me quase uma prenda diária desviar a minha vontade de saber como a vida anda sem mim, convidando meus pensamentos a praticar um desapego que beira ao desprezo. Existe um eu que reluta em aceitar que se transforme em nada o que outrora significava tudo. Peguei-me a discorrer sobre o desamor que sobra quando o amor se vai. É inaceitável que exista um abismo entre quem um dia já foi um... simplesmente não concordo com esta distância. Não é justo com a nossa história deixar que a mágoa corroa todos os anseios de felicidade que um dia eu desejei pra ele.
Eu sinto tanto por estarmos tão contrários que rendi-me ao impulso de pedir por paz. Tanto tempo depois, criei coragem para escrever o que meu coração não conseguiu desejar-lhe quando ouvi 'adeus'.

Eu desejo o sorriso bonito de todos os dias.
A determinação para superar cada desafio.
A gargalhada em cada piada. Um pouco mais de sal em cada prato.
Eu desejo a conquista para cada sonho e o coração aberto para cada oportunidade.

E o coração aberto para cada oportunidade - para que, um dia,  alguém possa preenchê-lo de amor - como um dia ele preencheu o meu.


Para curtir: Tori Amos - A sorta Fairytale
" And I'm so sad like a good book
I can't put this day Back
a sorta fairytale with you.
a sorta fairytale with you
I could pick back up
whenever I feel"


(Pensei que seria mais fácil escutar essa música de novo.)

10 de dez. de 2010

60 DIAS SEM ELE - Dia 33

"Tantos detalhes já não pulsam mais em mim que hoje existe um vão entre a lembrança e o sonho. Somos só um "era uma vez."

Existe tanta distância entre as lembranças e meu novo eu. Tenho a sensação de que tudo não passou de uma história dessas que ouvimos numa mesa de bar, no ponto de ônibus, na praça. Histórias contadas por desconhecidos, faltando um pedaço de vivência e o gosto de realidade. Resta em mim apenas a centelha de um passado que me soa tão distante, sem lágrimas ou saudade, sem mágoas ou anseios. Tantos detalhes já não pulsam mais em mim que hoje existe um vão entre a lembrança e o sonho.
Como um velho livro, nossa história repousa tranquila numa estante, esperando ser contada para alguém. Agora somos só "era uma vez".

A quem perguntar sobre o fim da história - se é que ele existe - meu coração responde:
"Eles viveram felizes para sempre".
Separados, mas felizes para sempre.

 

7 de dez. de 2010

60 DIAS SEM ELE - DIA 32


"Quando deixei de procurar nos outros um pouco dele, o mundo se abriu."

É preciso parar de esperar encontrar nos outros o que, um dia, ele foi.
Quando deixei de procurar nos outros um pouco dele, o mundo se abriu. Deixei de gostar só dos sorrisos entre dentes, do sotaque pausado e das camisas xadrez. Deixei de gostar só dele. Comecei a gostar de tudo o que me parece atraente - gargalhadas, novos sotaques, camisas de listras. Rostos sem sorrisos, olhos expressivos e nenhuma palavra, camisetas. Percebi que não é o mundo que anda escasso de pessoas interessantes, fui eu quem procurei em todas apenas uma.  
Quando abri os olhos e o coração, tive a certeza que é possível se apaixonar todos os dias. De um jeito diferente e por gente diferente.

E o difícil ficou fácil: beijar uma boca sem lembrar da outra.



Para curtir: Faith No More - Evidence
 "If you want to open your hole
Just put your head down and go
Step beside the piece of the circumstance
Got to wash away the taste of evidence."

 (baita música boa!)

3 de dez. de 2010

60 DIAS SEM ELE - DIA 31

"O lado bom de ser sozinho é poder ter tudo sem prometer nada."

Gosto de sentir meu coração acelerar quando percebo outros olhos sobre mim.Gosto das entrelinhas, das palavras dúbias e do incerto frente às possibilidades. Gosto desse momento que antecede os grandes acontecimentos.
A mensagem de madrugada, o convite não aceito e aquele sorriso misterioso, que oscila entre o charme e o desinteresse. Gosto dos jogos que envolvem a vida de solteiro - os olhares, as propostas, os blefes. Ninguém sai perdendo quando não se quer apostar.

Existe uma leveza tão tentadora em ser sozinho: é ter tudo e nada ao mesmo tempo. Todas as chances, todas as possibilidades, todos os futuros e nenhuma promessa. É escrever uma história com todas as páginas em branco porque, de agora em diante, tudo pode acontecer. Posso me apaixonar. Posso ter amores de uma noite só. Posso sair acompanhada e voltar sozinha, sair sozinha e voltar acompanhada.

O lado bom de ser sozinho?
Do meu amanhã, nada sei. Sei bem das minhas vontades de hoje.

30 de nov. de 2010

60 DIAS SEM ELE - DIA 30

"chega de luto. Agora é hora de abrir a janela e deixar o sol entrar."

Um mês.  Longos trinta dias de luto, velando memórias que assombram feito fantasmas. E hora de enterrar o passado e abrir a janela e deixar o sol entrar. A insegurança se mistura com a vontade de ver o que me espera lá fora, sinto frio na barriga quando abro meu armário e vejo os vestidos, meus calçados preferidos e meu perfume. Eu sei que a hora chegou. É hora de voltar ao doce ritual da feminilidade - e adorar cada segundo do processo. Tempo de descobrir a graça dos banhos demorados e dos hidratantes caros, daquela borrifada de perfume no pescoço nu e dos brincos pesados. Tempo das noites longas e dos sorrisos curtos, do alto estilo nas atitudes e do baixo tom da voz, sussurando futuros. É tempo de descobrir a graça de ser mulher - e ela existe em cada pedacinho meu.


Para curtir: Ana Carolina - Hoje eu tô sozinha
" Hoje eu tô sozinha
E não aceito conselho
Vou pintar minhas unhas e meu cabelo de vermelho
Hoje eu tô sozinha
Não sei se me levo ou se me acompanho
Mas é que se eu perder, eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar
Aí é só eu que ganho."

(Marina Melz, a boa culpa disso tudo é, em partes, sua e de Sem Aviso, da Maria Rita. Obrigada.)

29 de nov. de 2010

60 DIAS SEM ELE - Dia 29

"Nostalgia deveria ter remédio."

Quando ele deixou de estar na minha vida, eu senti por dias um imenso vazio. Um vazio que mora na superfície dos sorrisos e no fundo dos copos e insiste em me visitar - especialmente - aos domingos à noite. Nostalgia deveria ter remédio, assim como tem para dor de cabeça ou rinite; outros tipos de mal estar que também não te impedem de fazer nada, mas atrapalham tudo.
Quando a nostalgia bate à minha porta, eu fujo de mim.
É hora das conversas sem nexo, dos planos sem ação e dos livros sem história. É hora de ocupar a mente para não deixar que ela roube de mim nem um segundo de paz. Coisa difícil, essa paz. É difícil virar panqueca no ar. É difícil falar "a aranha arranha a rã" sem errar. É difícil plantar bananeira. Mas mais difícil é manter a paz de um coração quando a nostalgia decide aparecer.
É possível enganar a saudade, desviar anseios, substituir sensações. É possível usar o tempo a favor de si mesmo e ignorar os acontecimentos. Impossível é esquecê-los.


Para curtir:  Vinte e Nove - Legião Urbana

"Perdi vinte em vinte e nove amizades
por conta de uma pedra em minhas mãos.
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes,
Estou aprendendo a viver sem você."








24 de nov. de 2010

60 DIAS SEM ELE - DIA 28

"ntes de conhecer alguém, é preciso que eu me conheça um pouco mais."

Eu já não lamento a história que acabou. Ainda que a saudade me acompanhe por onde eu vá, eu sinto que o fim abre espaço para um novo começo. De agora em diante tudo pode acontecer, todos os dias me aproximam de um novo amor e eu estou ansiosa por isso. A tristeza deu espaço pra alegria de esperar o que a vida me reserva e me preparar para isto.

Não sei quem sou ou do que gosto, mas sei o que não quero pra mim. Não quero mais promessas vazias, entregas por carência, angústias de ansiedade. Não quero beijos sem amanhã, sexo sem amor e aflições baratas. Antes de conhecer alguém, é preciso que eu me conheça um pouco mais para que eu saiba diferenciar o 'quem sou' do 'quem somos'. Equilíbrio é a palavra que me guia até que seja hora de pular com os olhos fechados, sem medo. Eu sinto correr em mim a vontade de aprender a voar.



Para curtir: Michael Bublé - Haven't met you yet

I might have to wait
I'll never give up
I guess it's half time
And the other half's luck
Wherever you are
Whenever it's right
You come out of nowhere and into my life

18 de nov. de 2010

60 DIAS SEM ELE - Dia 19

"é possível amar muitas vezes mais."

O amor foi embora, e agora? Tem dias que dá medo de nunca mais amar outra vez, de nunca mais encontrar alguém assim, de sentir de novo o amor e ser feliz como se foi. Dá tanto medo.
A verdade é que é preciso ter medo daquele amor inventado, idealizado pela vontade de viver uma paixão dessas que os filmes, as novelas, as músicas e os poemas insistem em nos mostrar que existe, mas que - no dia a dia - nem sempre acabam em final feliz. A gente gosta é de olhar o lado bom, de acreditar que foi o único, o mais bonito e que nunca mais se viverá nada igual. Este - era - o amor da vida inteira. Se for fazer um balanço geral, todos os amores que passaram pela nossa história um dia já foram para sempre. Todos foram o único. Todos foram o mais verdadeiro. O amor se reinventa, se redescobre e se molda conforme a nossa coragem de vivê-lo.

Este não foi O amor da minha vida. Este foi UM amor na minha vida.

16 de nov. de 2010

60 DIAS SEM ELE - Dia 18

"estar triste e estar puta da cara são coisas diferentes"

Eu não estou triste. Eu estou puta da cara.
Todo fim passa por essa fase meio demodê de ficar lamentando o "felizes para sempre" que não veio até a tristeza abrir espaço para a raiva.
Eu sinto a ira acelerar cada litro de sangue meu, culpando-me por ter abraçado uma melancolia que não resolveu nada, não mudou nada, não reescreveu o fim da história.

Cada lágrima derramada é um sorriso não dado.
Agora é hora de sorrir.

15 de nov. de 2010

60 DIAS SEM ELE - Dia 17

Fantasmas. Assim descrevo a presença dele nos meus dias, nas minhas coisas, no meu corpo. Por que é tão difícil simplesmente aceitar o fim e esquecer?
Tenho raiva de mim a cada vez que minha memória atira resquícios dele no meu dia. Odeio-me por alimentar esse sofrimento. Detesto-me por querer que as coisas não terminassem assim.